quinta-feira

CRÍTICA DOS FILMES:




O Leão de Sete Cabeças(Der Leone have sept cabeças)

O primeiro filme rodado na Europa da fase mais alegórica do cineasta baiano, que junto com Cabeças Cortadas
e Claro, marca um período de encontro do teatro com a inguagem cinematográfica. O resultado de um cinema político autoral que se nota o conteúdo sobre a forma, dando um resultado intenso, evidenciando a personalidade do autor em movimento, de alívio e sentimento de missão em andamento.

O filme foi gravado no Zaíre e no antigo Congo-Brazzaville, O " leão" evoca a presença do então, assassinado, Che Guevara, na pele de Pablo, um prisioneiro revolucionário, que não consegue resistir a força do colonizador português e de dois mercenários, um deles interpretado por Hugo Carvana, em um dos melhores papéis de sua carreira, que evidencia a ainfluência da CIA, e da igreja católica neste período histórico.

Glauber nos mostra com sua camara nervosa, sua "miscen en cene" agressiva e lúdica, conta com a limitação do orçamento, que para dar vida a contestação por meio da arte, rompe com a racionalidade do cinema clássico, para dar vazão ao cinema de autor, que nos moldes godardiano, evidencia por meio do conteúdo a transgressora forma de se fazer cinema autoral nos finais dos anos sessenta.

Sua captação em beta, evidencia os meios para conseguir expressar os ideáis progressista de uma geração oprimida, que por alguns autores tem sua representação na tentativa desesperada de dizer tudo aquilo calado nos porõe das ditaduras e nos cofres dos colonizadores.

Se trat de um grito desesperado e militante da luta contra o anti-colonialimo na África, e como essa consciência revolucionária se dá por meio do sentido de luta que começa a unir os povos africanos, que sofrem as consequências até os dias de hoje pelo colonialismo euro-americano.

O elenco conta com um ator de Godard, o excelente Jean-Peierre Léaud, em um papel arcante na pele do padre que vai transformando seus pontos de vista a cada contato com o povo africano e sua intensa necessidade de liberdade e autonomia política.

Sem dúvida o filme, O Leão de sete cabeças, é um filme imperdível para quem se interessa em verdadeiros líbelos polítcos, que estão acima da temporalidade e dos interesses pessoais de quem os produz, junto com Terra em Transe, Deus e o Diabo na Terra do Sol, O Dragão da maldade contra o Santo Guerreiro, e o também alegórico, Cabezas Cortadas, que Tanto, como, O Leão de sete cabeças, quanto Claro, são filmes que não foram lançados em vídeo, nem em dvd, estando os direitos retidos à família do cineasta, que eventualmente libera sua exibição em mostras específicas.


Por último Glauber nos deixa uma fértil reflexão, uma forma interessante de tentar entender, porque a África, com a América Latina, não conseguiram se desenvolver, após meio século de invasões e genocídios provindo dos civilizados, que sempre utilizaram da democracia e do poder para ditarem seus modelos de prosperidade e suas consequências desastrosas, que a história e a realidade não apagou, nem esqueceu.

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